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História do Casamento
Moda

14 Maio 2024

História do Casamento

História do Casamento

ELE, TU E EU

Safo (630 a.C., 570 a.C)


Aquele parece-me ser igual aos deuses,
O homem que á tua frente
Está sentado e escuta de perto
A tua voz tão suave

E o teu riso maravilhoso. Na verdade isto
Põe-me o coração a palpitar no peito
Pois quando te olho num relance, já não
Consigo falar:

A língua se me quebrou e um subtil
Fogo de imediato se pôs a correr debaixo da pele;
Não vejo nada com os olhos, zunem-me
Os ouvidos;

O suor escorre-me do corpo e o temor
Me toda toda. Fico mais verde do que a relva
E tenho a impressão de que por pouco
Não morro.






O casamento é uma das formas mais antigas e universais de união entre duas pessoas, mas nem sempre foi como o conhecemos hoje. A história do casamento mostra que teve diferentes funções, significados e rituais ao longo do tempo e em diferentes culturas.


Na Antiguidade, o casamento era visto principalmente como uma forma de estabelecer alianças políticas, económicas ou militares entre famílias, tribos ou reinos. O amor e o consentimento dos noivos não eram considerados essenciais, e muitas vezes os casamentos eram arranjados pelos pais ou pelos líderes. Alguns povos, como os gregos e os romanos, permitiam o divórcio e a poligamia, enquanto outros, como os judeus e os cristãos, defendiam a indissolubilidade e a monogamia do casamento.



Fonte: Pinterest



Com a expansão do cristianismo na Europa, o casamento passou a ser regulado pela Igreja Católica, que o considerava um sacramento, ou seja, um sinal da graça de Deus. A partir do século XII, o consentimento dos noivos passou a ser exigido para a validade do casamento, mas ainda havia muita influência dos interesses familiares e sociais. O casamento era visto como uma forma de garantir a procriação, a fidelidade e a assistência mútua entre os dois.


No entanto, a partir do século XVI, com a Reforma Protestante, o casamento começou a ser questionado como um sacramento e como uma instituição indissolúvel. Alguns reformadores, como Lutero e Calvino, defendiam que o casamento era uma ordem civil e que o divórcio era possível em casos de adultério ou abandono. Além disso, surgiram novas formas de casamento civil, não religioso, que eram reconhecidas pelo Estado.



Noivos Roberto VicenttiRuben @rnn_soy e Juan @juansavi. Fotografia de @elisabethperez_estudiocreativo



A partir do século XVIII, com o Iluminismo e a Revolução Francesa, o casamento passou a ser visto como um contrato livre entre duas pessoas que se amavam e que buscavam a felicidade. O amor romântico tornou-se o ideal do casamento, e o papel da mulher passou a ser valorizado. O casamento também passou a ser um direito humano, que deveria ser garantido a todos, independentemente de sua classe, raça ou religião. Lembremos Rufo, filósofo estoico do séc. I d.C que já naquela altura defendia a presença do amor e que o casamento ideal seria aquele em que os parceiros competiam para mostrar quem amava mais o outro, sendo que o egoísmo seria a fonte de todos os problemas conjugais.


Nietzsche, na sua obra Anticristo, referiu que “o amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidade de ver as coisas tal como elas não são”, defendendo o casamento cepticamente como uma forma de escravidão, sendo que o amor romântico era uma ilusão. Na base da sua afirmação está a nítida defesa da liberdade individual. Nos dias de hoje o casamento assume essa forma livre, numa escolha envolta no mais nobre sentimento de todos, o amor. Não podemos ignorar as profundas transformações, sobretudo nestes últimos dois séculos, que se apresentam socialmente, entre elas, a legalização do divórcio em vários países, a emancipação feminina, a revolução sexual, a contracepção, a reprodução assistida, o casamento entre pessoas do mesmo sexo.



Noivo Roberto Vicentti. Fotografia de @_pat_art_ (insta) | @patartfotografie (fb)



O casamento pode hoje entender-se como uma forma de expressar o amor e o compromisso entre duas pessoas, não sendo exclusivamente a única. Importante, contudo, é compreender que qualquer forma de relacionamento se deve basear na liberdade interior, na liberdade sobre o corpo e na escolha consciente de viver o amor da única forma possível, em total liberdade.

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